AG 2006 CC17
Este conto pertenceu a Pedro Barbot. Foto de Pedro Barbot.
Pertence neste momento a Ruifb.
Os textos seguintes e fotografias seguintes foram extraídos, com a devida vénia, do Fórum de Numismática.
Não tendo sido usado como moeda, em sentido estrito, pois não serviu para efectuar pagamentos, foi no entanto importante objecto de contabilidade intimamente ligado à economia da sua época. À época de D. Afonso V, supõe-se que as moedas de conta eram trabalho importado do estrangeiro, segundo se escreve da zona que corresponde à actual Alemanha. Talvez fruto do seu fabrico no estrangeiro, nota-se rapidamente que não faz sentido a legenda do anverso. Aliás este é o grande tema que me continua a partir a cabeça nesta moeda de conta. No entanto não posso deixar de fazer a analogia com PORTVG e REX. Rodando +- 90º as combinações obtidas penso que sejam: VRTCSRSX ou SXVRTCSR ou SRSXVRTC ou TCSRSXVR A tipologia é ao ínicio confusa e a atribuição a Afonso V pode não ser de caras. Analisando o reverso e ao primeiro impacto surgem dúvidas sobre o que está representado. Dúvidas essas que ficam prontamente desfeitas consultando o grande Damião de Góis que numa das suas crónicas, ao descrever a de má memória batalha de Toro, nos fala do estandarte de guerra do próprio el-rei.".. levava o seu guiam com sua devisa que era o número sette, e hum rodizio de moinho com gotas dagoa…”. Com esta informação rapidamente se faz a analogia entre esta moeda de conta e o estandarte real deste rei. É sem dúvida um rodízio de moinho cercado de gotas de água. Na simbologia medieval as gotas de água representam a honestidade, a salubridade, a água que tudo limpa, sempre transparente, inodora e insípida, enquanto que o rodízio de moinho representa a economia rural. Além disto o próprio AG refere-nos o rodízio como símbolo de "empresa" (empresa em sentido antigo) de Afonso V. A tipologia do anverso é mais "vista" e partilhada por muita moeda de conta e numária europeia. A cruz que me parece bordonada, as epiciclóides... as flores de lis... Interessante as cruzes que separam cada letra da legenda. Admito que o que me impressiona mais é o reverso por ter sido possível símbolo real em Toro. Não posso deixar também de referir as semelhanças entre o anverso deste conto e o cruzado de ouro. Não sei até que ponto aquando da sua utilização no ábaco esta moeda de conta não valeria simbolicamente N cruzados de ouro.
Autor: Ruifb
Com base no artigo «Contos para Contar - Ensaio para o seu Conhecimento e sua Classificação», de Paulo Ferreira de Lemos, in NVMMVS, nº. 9, Agosto de 1955, o exemplar apresentado é de D. Afonso V, tendo em consideração os exemplares parecidos ao seu que aquele autor classifica e acerca dos quais diz «têm gravado o rodízio espadanando água, que bem caracteriza o reinado de D. Afonso V.» Ainda, acerca dos contos, ele sugere, e passo a citar «os contos para contar, segundo uma boa hipótese, teriam sido trazidos para Portugal por Afonso III, que os conheceu em França e aqui introduziu o seu uso.» Num outro artigo, «Contos para Contar ou Moedas para Correr?», in NVMMVS, nº. 2, Abril de 1953, o mesmo Paulo Ferreira de Lemos, recorrendo ao «Arch. Port., vol 7» e citando Manuel Joaquim de Campos, que ele considera um erudito na matéria, diz no que às legendas respeita: «Nalgumas legendas há palavras incompletas, como VERDA, CONT, e outras a que não pode ligar-se qualquer significado, tal é a sua variedade»; «Certas abreviaturas confundem a investigação e a encaminham dolosamente nos enredos do enigma». Parece ser esta a situação do Rui…, mas diz mais: «Palavras repetidas em ordem simétrica… e iniciais na mesma disposição»; «Abundam letras desnecessárias»; «Alguns nomes próprios foram um tanto desfigurados»; «A palavra Portugal apresenta também variedades gráficas»; «Há notoriamente palavras retrógradas, algumas com letras invertidas»; «Nas legendas em latim, que são as mais raras, é exquisita a barbaridade ortográfica».
Autor: António Mota
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