CONTOS PARA CONTAR
Alberto Gomes (2007) Moedas portuguesas e do território que hoje é Portugal. Associação Numismática de Portugal, Lisboa, p. 656.
Os contos para contar, dinheiros de conto ou moedas de conto, são peças metálicas monetiformes que, antes do uso de algarismos árabes e da numeração decimal, serviram como auxiliares na contagem do dinheiro e no seu cálculo, o que se fazia por meio de ábacos, onde o posicionamento desses discos metálicos representava um valor determinado. A sua introdução em Portugal terá sido presumivelmente feita no tempo de Afonso III, pois existem contos para contar semelhantes aos dinheiros da época, nos quais os besantes figurados nas quinas nacionais não estão ainda dispostos em aspa. A sua função terminou quando foram adoptados os algarismos árabes no país, durante o século XVI, e por isso os últimos exemplares são atribuídos aos finais da segunda dinastia, tanto mais que, nalguns, a coroa se apresenta fechada, tal como acontece em moedas dessa época. Quando o nome do rei não figura expressa ou implicitamente na legenda ou no campo, a classificação dos contos por reinados é algo aleatória,. Haverá então que atender à sua semelhança com as moedas emitidas por um monarca ou recorrer à representação de símbolos ou letras que nos indicarão a sua presumível fábrica em determinada época. As “empresas” dos reis e as suas “divisas” são preciosos auxiliares na classificação dos contos por, muitas vezes, estarem neles gravadas. Tal acontece, por exemplo, em espécimes de D. João I, onde a divisa “POR BEN” não dá lugar a dúvidas, ou então naqueles que apresentam o “rodísio” ou “moenda”, por ser a empresa de D. Afonso V, ou ainda nos exemplares com a representação de um “pelicano” – a empresa do Príncipe Perfeito – que indicarão inegavelmente D. João II, e também aqueles com a legenda “OMNES SPES EIVS CELVM”, que mostra tratar-se de contos de D. João III. Muito embora, no estrangeiro, existam contos feitos em todos os metais, incluindo o ouro, os contos para contar portugueses são em geral batidos em cobre ou latão, havendo-os também fundidos e sendo conhecidos alguns, muito raros, em prata. Será de notar que, por vezes, o escudo, como símbolo nacional, e a sua ornamentação, terão sido propositadamente alterados, com as quinas substituídas por outros sinais e o número dos castelos circundantes oscilando entre 6 e 16. Referiremos finalmente que poderão, por vezes, distinguir-se num conto características que se encontram em moedas de outros reinos. É que tendo circulado livremente em Portugal na época em causa, espécies de ouro e de prata dos mais variados países, afigura-se natural que os seus desenhos possam ter influenciado a gravura de alguns contos portugueses.
Alberto Gomes (2007) Moedas portuguesas e do território que hoje é Portugal. Associação Numismática de Portugal, Lisboa, p. 656.
Os contos para contar, dinheiros de conto ou moedas de conto, são peças metálicas monetiformes que, antes do uso de algarismos árabes e da numeração decimal, serviram como auxiliares na contagem do dinheiro e no seu cálculo, o que se fazia por meio de ábacos, onde o posicionamento desses discos metálicos representava um valor determinado. A sua introdução em Portugal terá sido presumivelmente feita no tempo de Afonso III, pois existem contos para contar semelhantes aos dinheiros da época, nos quais os besantes figurados nas quinas nacionais não estão ainda dispostos em aspa. A sua função terminou quando foram adoptados os algarismos árabes no país, durante o século XVI, e por isso os últimos exemplares são atribuídos aos finais da segunda dinastia, tanto mais que, nalguns, a coroa se apresenta fechada, tal como acontece em moedas dessa época. Quando o nome do rei não figura expressa ou implicitamente na legenda ou no campo, a classificação dos contos por reinados é algo aleatória,. Haverá então que atender à sua semelhança com as moedas emitidas por um monarca ou recorrer à representação de símbolos ou letras que nos indicarão a sua presumível fábrica em determinada época. As “empresas” dos reis e as suas “divisas” são preciosos auxiliares na classificação dos contos por, muitas vezes, estarem neles gravadas. Tal acontece, por exemplo, em espécimes de D. João I, onde a divisa “POR BEN” não dá lugar a dúvidas, ou então naqueles que apresentam o “rodísio” ou “moenda”, por ser a empresa de D. Afonso V, ou ainda nos exemplares com a representação de um “pelicano” – a empresa do Príncipe Perfeito – que indicarão inegavelmente D. João II, e também aqueles com a legenda “OMNES SPES EIVS CELVM”, que mostra tratar-se de contos de D. João III. Muito embora, no estrangeiro, existam contos feitos em todos os metais, incluindo o ouro, os contos para contar portugueses são em geral batidos em cobre ou latão, havendo-os também fundidos e sendo conhecidos alguns, muito raros, em prata. Será de notar que, por vezes, o escudo, como símbolo nacional, e a sua ornamentação, terão sido propositadamente alterados, com as quinas substituídas por outros sinais e o número dos castelos circundantes oscilando entre 6 e 16. Referiremos finalmente que poderão, por vezes, distinguir-se num conto características que se encontram em moedas de outros reinos. É que tendo circulado livremente em Portugal na época em causa, espécies de ouro e de prata dos mais variados países, afigura-se natural que os seus desenhos possam ter influenciado a gravura de alguns contos portugueses.
QUEM NÃO GOSTA DE CONTOS?
Por António Casaca
In Fórum de Numismática
Não pretendendo "copiar" ideias, mas o tópico do amigo Vargues, complementado com outro conto belíssimo do amigo Matos, leva-me a criar este novo tópico com alguns exemplos desta área da Numismática infelizmente pouco desenvolvida em Portugal. De forma sucinta o tópico já citado já abordou a temática dos contos para contar. No entanto quero aqui prestar uma homenagem à pessoa que mais estudou e escreveu sobre o tema: o Eng. Paulo Lemos. Os seus estudos foram indubitavelmente a fonte para a classificação hoje existente no catálogo AG. Como complemento, junto aqui alguns dos Contos representativos da numária portuguesa (até João III). Os primeiros Contos surgem em Portugal com Afonso III. De notar a ligação dos escudos no reverso, os quais são ligados por linhas rectas, em oposição aos dinheiros que são formados por quartos de círculo. As legendas aqui são inteligíveis, enquanto que nos reinados posteriores são perfeitamente "lidos" como Contos.
Embora no AG conste como sendo de Pedro I a João I, julgo que a tipologia se enquadra em João I.
Participação de José Matos (in mesmo Fórum):
Os Contos para contar são relegados para segundo plano na numismática, que apesar de serem monetiformes, carecem dos atributos funcionais próprios das moedas: serem aceites em pagamento de dívidas, ou, em termos mais latos, a servir de intermediário geral nas trocas. É interessante notar que os contos eram inicialmente cunhados à semelhança das moedas que circulavam no país mas que pela confusão que originavam foram, segundo Pedro Batalha Reis, na sua Cartilha da Numismática Portuguesa, alterados na legenda e no tipo que os caracterizava. Se os primeiros foram cunhados em Portugal os seguintes, a partir de D. João I são apontados como quase todos originários de Nuremberga, que os produzia para vários mercados. As várias oficinas dessa cidade seguiam vagamente o estilo das moedas que copiavam pois nestes aparecem legendas fantasiosas e o escudo das quinas deturpado. São fabricados em metal amarelo, latão, que lhes permitiu facultá-los a um preço acessível para venda directa a particulares. Em época de D. Afonso V havia em Lisboa a Casa dos Contos, onde trabalhavam oito contadores permanentemente, com o vencimento de dez mil reais e de mantimento cinco mil reais. Em meados do séc. XVI esse número aumentou para 40 e devido ao grande florescimento económico em Lisboa eram tantas as pessoas a entregar dinheiro que alguns tinham que voltar no dia seguinte para terminar a operação.
António Casaca apresenta, no F.N., fotos de outros exemplares pertencentes a outros reinados e não correspondentes, a priori, a dinheiros.
António Casaca apresenta, no F.N., fotos de outros exemplares pertencentes a outros reinados e não correspondentes, a priori, a dinheiros.
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